sexta-feira, 14 de junho de 2013

Unidade didática - Literatura Brasileira.

Nessa unidade, falaremos sobre o Realismo.

Realismo:


Nas obras em prosa, o realismo atingiu seu ápice na literatura. Os romances realistas são de caráter social e psicológico, abordando temas polêmicos para a sociedade da segunda metade do século XIX. As instituições sociais são criticadas, assim como a Igreja Católica e a burguesia. Nas obras literárias deste período, os escritores também criticavam o preconceito, a intolerância e a exploração. Sempre utilizando uma linguagem direta e objetiva.


Características do Realismo:

- Oposição ao idealismo romântico. Não há envolvimento sentimental;
- Representação mais fiel da realidade;
- Análise dos valores burgueses com visão crítica denunciando a hipocrisia e corrupção da classe;
- Influência dos métodos experimentais;
- Narrativa minuciosa (com muitos detalhes);
- Personagens analisadas psicologicamente;
Preferência por temas como miséria, adultério, crimes, problemas sociais, taras sexuais e etc. A exploração de temas patológicos traduz a vontade de analisar todas as podridões sociais e humanas sem se preocupar com a reação do público.

O realismo na literatura brasileira:

Na literatura brasileira o realismo manifestou-se principalmente na prosa.Os romances realistas tornaram-se instrumentos de crítica ao comportamento burguês e às instituições sociais. Muitos escritores românticos começaram a entrar para a literatura realista. Os especialistas em literatura dizem que o marco inicial do movimento no Brasil é a publicação do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis. Nesta obra, o escritor fluminense faz duras críticas à sociedade da época. Outro escritor que teve sua história marcada neste período foi Aluízio de Azevedo com obras importantes como Casa de Pensão e O cortiço.

O realismo nas artes plásticas:

A tendência expressa-se sobretudo na pintura. As obras privilegiam cenas cotidianas de grupos sociais menos favorecidos. O tipo de composição e o uso das cores criam telas pesadas e tristes. O grande expoente é o francês Gustave Courbet (1819-1877). Para ele, a beleza está na verdade. Suas pinturas chocam o público e a crítica, habituados à fantasia romântica. São marcantes suas telas Os Quebradores de Pedra, que mostra operários, e Enterro em Ornans, que retrata o enterro de uma pessoa do povo. Outros dois nomes importantes que seguem a mesma linha são Honoré Daumier (1808-1879) e Jean-François Millet (1814-1875). Também destaca-se Édouard Manet (1832-1883), ligado ao naturalismo e, mais tarde, ao impressionismo. Sua tela Olympia exibe uma mulher nua que "encara" o espectador.


Algumas obras:

Os Quebradores de Pedras – Gustave Courbet


Principais autores

Machado de Assis:


É considerado o maior escritor do século XIX, escreveu romances e contos, mas também aventurou-se pelo mundo da poesia, teatro, crônica e critica literária.
Nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e morreu em 1908. Foi tipógrafo e revisor tornando-se colaborador da imprensa da época.
“Memórias Póstumas da Brás Cubas” (considerado o divisor de águas na obra machadiana) “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”, revelam o interesse cada vez maior do autor de aprofundar a análise do comportamento do homem, revelando algumas características próprias do ser-humano como a inveja, a luxúria, o egoísmo e a vaidade, todas encobertas por uma aparência boa e honesta.
Um pouco mais sobre Machado de Assis.

Aluísio de Azevedo:


Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo foi um crítico impiedoso da sociedade brasileira e de suas instituições. Abandonou as tendências românticas em que se formara, para tornar-se o criador do naturalismo no Brasil, influenciado por Eça de Queirós e Émile Zola. Seus temas prediletos, focados na realidade cotidiana, foram o anticlericalismo, a luta contra o preconceito de cor, o adultério, os vícios e a vida do povo humilde.
A partir da publicação de seu primeiro romance, Uma lágrima de mulher (1880), em estilo romântico e extremamente sentimental, viveu durante 15 anos do que ganhava como escritor. Por isso, sua obra pode ser dividida em duas partes: a primeira, romântica, escrita para agradar o público e vender bem, de modo a garantir-lhe a sobrevivência. A segunda, naturalista, para expressar sua visão de mundo e as mazelas do Brasil. Foi esta que lhe deu destaque na história da literatura brasileira.
  Leia um pouco mais sobre Aluísio de Azevedo.


O cortiço – 1890, Aluísio de Azevedo.
Narrado em 3ª pessoa, a obra tem um narrador onisciente que se situa fora do mundo narrado e/ou descrito. Há um total distanciamento entre o narrador e o mundo ficcional. Há o predomínio na narrativa do discurso indireto livre, o que permite ao autor revelar o pensamento das personagens. A visão do narrador é fatalista pois as camadas populares são vistas como animais condenados ao meio social que habitam, homens fadados a viverem como animais selvagens.
Romance de cunho social, O Cortiço, de Aluísio Azevedo, é o marco da literatura realista-naturalista brasileira. Uma história envolvente e sombria de uma habitação coletiva no Rio de Janeiro do Segundo Império que tem como tema a ambição e a exploração do homem pelo próprio homem. De um lado, João Romão, que aspira à riqueza, e Miranda, já rico, que aspira à nobreza. Do outro lado, a "gentalha", caracterizada como um conjunto de animais, movidos pelo instinto e pela fome (zoomorfização, figura de linguagem que tem por objetivo caracterizar atitudes de humanos aos animais.). Todas as existências se entrelaçam e repercutem umas nas outras. O cortiço é o núcleo gerador de tudo e foi feito à imagem de seu proprietário, cresce, se desenvolve e se transforma .
Duas grandes qualidades devem ser observadas no estilo de O Cortiço: uma é a grande capacidade de representação visual do autor, certamente relacionada com sua habilidade para o desenho (Aluísio exerceu, em certa época, a atividade de caricaturista) e que faz que tenhamos frequentemente, ao ler o romance, a impressão de estarmos assistindo a um filme.
O determinismo também está presente nessa obra, pois o ser humano é marcado por três importantes fatores: meio, raça e momento histórico.


Personagens:

João Romão: português ambicioso, ajunta dinheiro por penosos sacrifícios, compra uma venda e algumas casinhas (mais a frente da narração compra mais casas – o cortiço- e a pedreira). Mora junto com Bertoleza, escrava fugida, trabalhadeira que possuía uma quitanda e economias para comprar a carta de alforria. João Romão falsifica a carta de alforria e vive com Bertoleza que é explorada constantemente pelo companheiro – comem das sobras da venda, andam de roupas pobres e gastas e vivem sem luxo algum.
Miranda: comerciante português. Principal opositor de João Romão. Mora num sobrado aburguesado, ao lado do cortiço.
 Rita Baiana: dançarina provocante e sensual, namorada de Firmo (capoeira enciumado), acaba se atraindo por Jerônimo (que mata Firmo e se une a Rita).
 Firmo: Namorado de Rita, é um caboclo a toa, que não faz nada e se diz capoeirista. Entra frequentemente em brigas por causa da namorada e é muito temido por onde passa.
Jerônimo: Um imigrante português que vem para o Brasil para tumultuar ainda mais as coisas no cortiço. A princípio vem com o objetivo de trabalhar e viver em paz com sua mulher e sua filha, mas como já é de saber, é impossível viver em paz em um cortiço e dessa forma Jerônimo começa logo a causar.

 


O Cortiço – Filme:


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