domingo, 9 de junho de 2013

Afinal, o que é Estilística?

Estilística é o estudo do estilo, dos recursos expressivos da língua, ou seja, os processos de manipulação da linguagem pelos quais as pessoas que escreve e fala podem exprimir uma mensagem emotiva, intuitiva ou persuasiva através das palavras. (CEGALA, Domingos P. Nova minigramática da língua portuguesa. p.404).

A Estilística estuda vários aspectos da linguagem, nesta unidade estudaremos a estilística do som e a da palavra.
Estilística do som (fonoestilística): Estuda o significado e a expressividade produzidos por determinados sons.

Vamos observar as sonoridades existentes dentro da fonoestilística através da aliteração e da assonância.

Aliteração
É a figura de linguagem que consiste na repetição insistente dos mesmos sons consonantais como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro significativo.
Veja os exemplos abaixo:

Três pratos de trigo para três tigres tristes.
O rato roeu a roupa do rei de Roma.  (aliteração em “t” e em “r”)

Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas." (Cruz e Souza, Aliteração em "v").

Assonância
A assonância é a repetição insistente dos mesmos sons vocálicos.
Exemplo:
Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral. (Caetano Veloso, Assonância em, “o”).

As consoantes e as vogais possuem um potencial expressivo, e sonoro, através desses sons o enunciador pode reforçar muito mais as ideias que quer representar. Vejamos exemplos deste potencial:
Vogais orais
[a] – Fonema sonoro, livre, sons fortes e nítidos. Muito sentido em interjeições e onomatopeias- gargalhadas, tagarelice, blá-blá-blá (para representar risadas e vozes altas), craque (batidas bem audíveis), claro, alvo, vasto (claridade, brancura e vastidão).
[i] – Sons agudos e estridentes. Agudez e estreiteza – grito, buzina riso (para a ideia de sons agudos), sino, violino (pela aproximação da natureza do som do próprio objeto), mínimo, fino, espinho, ironia, sutil (para a ideia de agudez e pequenez).
[é] – Estridência   pés.
[u] e [ô]  – Ruídos surdos, sons graves, sugerem fechamento, redondeza, tristeza, medo e morte–bufo, urro, sussurro (ideias de ruídos surdos), oco, rolo, globo, túmulo (enfatiza, fechamento e redondeza).
Vogais Nasais
Sons velados, distância, lentidão, moleza, melancolia.
Exemplos: Zunzum, zumbido, ron-ron (para sons velados), distante, longínquo (para representar de distância), manso, lamento, langue (para moleza e melancolia).

Consoantes
Consoantes Oclusivas  – [p], [b], [t], [d], [k], [g]: traço explosivo, ruídos duros, ruídos secos, batidas, a revelação de estado emocional do falante representando força e intensidade, interjeições de surpresa.
Ex: Ora bolas! Puxa! (para as interjeições de surpresa), rataplã, toc-toc, pum! (para ruídos secos e de batidas), pateta, bruto (revelação de estado emocional do falante), trote, pancada, estalo (ruídos produzidos por objetos), tirano, ditador, prepotente (força e intensidade).

Consoantes Constritivas  – [f], [v], [s], [z], [ch], [r], [rr], [x], [j], [l], [lh]: sugerem sons de certa duração, como sopros, chiados e sons sibilantes Ideias de fluir, rolar, vibração, ritmo atrito.
Ex: voz, vento, fala (sons de certa duração e sopros), sibilo, assovio, soluço, zunir, cochicho, lixa (sons sibilantes e chiados), bola, amarela, rola (enfatiza fluição e rolar), rachar, ranger, roer, ruir (sons de vibração, ritmo e atrito).

Consoantes Nasais  – [m], [n], [nh]: Moleza, doçura, suavidade e delicadeza.
Ex: ameno, mole, amor, meigo, sonho, mel, ninar, harmonia.

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